terça-feira, março 20, 2007

Desculpa


Quero que me desculpem,
este gasto silêncio tão viajado
tão tatuado de palavras.

Quero que me desculpem,
esta ironia que me defende contra a vida
e que vos fere às vezes, sem razão.

Que me perdoem, também, essa alma turva
que não pode espelhar alegria
e onde em vão se debruçam, imprudentes.

Quero que me desculpem a minha vida
fim de novela que não dá sequer
para tecer um sonho pequenino
e aquecer o vosso coração.

Quero que me desculpem, porque fui cúmplice
do destino que tramou o nosso diálogo,
e porque nada fiz, por covardia,
para evitar o mal que já sabia.

Quero que me desculpem, tão pobre estou,
tão gasta mudez, tão viajada serventia,
resta um pouco de magia que ainda subsiste,

- que encontraste no cais, quando chegavas,
- e eu já partia, embebedada e triste...

Poema de JG de Araujo Jorge

Adaptação de algumas palavras por sentimento de culpa pelo silêncio proporcionado a este blog...