Pés
Lívidos, frios, de sinistro aspecto,
como os pés de Jesus, rotos em chaga,
inteiriçados, dentre a auréola vaga
do mistério sagrado de um afeto.
Pés que o fluido magnético, secreto
da morte maculou de estranha e maga
sensação esquisita que propaga
um frio nalma, doloroso e inquieto...
Pés que bocas febris e apaixonadas
purificaram, quentes, inflamadas,
com o beijo dos adeuses soluçantes.
Pés que já no caixão, enrijecidos,
aterradoramente indefinidos
geram fascinações dilacerantes!
Cruz e Sousa
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