quarta-feira, outubro 04, 2006

A Carlos Drummond de Andrade


Não há guarda-chuva
contra o poema
subindo de regiões onde tudo é surpresa
como uma flor mesmo num canteiro.

Não há guarda-chuva
contra o amor
que mastiga e cospe como qualquer boca,
que tritura como um desastre.

Não há guarda-chuva
contra o tédio:
o tédio das quatro paredes, das quatro
estações, dos quatro pontos cardeais.

Não há guarda-chuva
contra o mundo
cada dia devorado nos jornais
sob as espécies de papel e tinta.

Não há guarda-chuva
contra o tempo,
rio fluindo sob a casa, correnteza
carregando os dias, os cabelos.

João Cabral de Melo Neto

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

oi... mais uma vez uma pic fantastica....pois..pois... mas essa fui eu k tirei....lool
mas prontos...tu fizest o efeito k foi o k deu piada á fotu.... e mais um poema lindo...

jinhus grandes

drt ó "gótica"

lool

ass: moranguita =)

4:22 da tarde  

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