terça-feira, novembro 04, 2008

Poema Polaroid


Son siete contra el muro, de pie, y uno sentado.
Apenas si conservan los rasgos desleídos por los años.
Las caras resisten su desgaste,
aunque ya no posean los nítidos colores
que ayer las distinguieron. Entre libros y copas,
las miradas sonrientes, las manos enlazadas
celebrando la vida de plata y gelatina
se borran en el sepia de su joven promesa.
Por detrás de la foto están escritos la fecha,
los nombres y el lugar de aquel encuentro. Fuimos
a presentar el libro de uno de los amigos
que aparece en la polaroid viendo hacia el vacío.
Después se hizo la fiesta y más tarde el accidente
nos llevó al cementerio. Dijimos en voz alta
sus poemas. Los siete contra el muro, de pie,
uno leía. Todos aún lo recordamos
y casi por costumbre le voy a visitar
con girasoles. Todos hemos envejecido
menos él, ahí en la vista fija. Nos mira
desde sus 20 años, que son los de su ausencia,
con ojos infinitos de frente hacia la cámara,
llevándose un verano tras otro, aunque comience
a degradar su tono naranja sobre el duro
cartón de la fotografía.
de Jorge Valdés Díaz - Vélez

sexta-feira, outubro 24, 2008

Chuva Oblíqua I - A paisagem


Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito

E a cor das flores é transparente de as velas de grandes navios

Que largam do cais arrastando nas águas por sombra

Os vultos ao sol daquelas árvores antigas...


O porto que sonho é sombrio e pálido

E esta paisagem é cheia de sol deste lado...

Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio

E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol...


Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo...

O vulto do cais é a estrada nítida e calma

Que se levanta e se ergue como um muro,

E os navios passam por dentro dos troncos das árvores

Com uma horizontalidade vertical,

E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro...


Não sei quem me sonho...

Súbito toda a água do mar do porto é transparente

e vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse [desdobrada,


Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em aquele [porto,


E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa

Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem

E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,

E passa para o outro lado da minha alma...


sábado, agosto 23, 2008

Meninos de Rua



Caminho por ruas desertas, procuro luz…
Vislumbro-a ao longe…
Percorro esperançosa...o caminho que a ela me conduz

Portas se abrem...
Esperança de um momento...sorriso triste...
Oh intenso tormento...foi-me negada entrada…
Sinto-me desprezada...encurralada…

Sociedade hipócrita...
Gente de olhos cegos de verdade…
Não vêm a autenticidade,
De quem lhes pede um pouco de caridade?

Ninguém a mão me estendeu.
Nem notam...arrefeceu!

Quero descansar...sonhar...
Meu coração não aquietou...
Pobre criança que sou!


Fátima Rodrigues
Fotografia de: Manuela Sá Carneiro

sábado, janeiro 05, 2008

Sofrimentos


A dor que em mim mora
não é o mal no meu corpo
carne destinada à terra húmida
última guardiã do sofrimento
pois esse já fiz oferenda
ao mais Homem de todos os Homens
mumificado pela injustiça humana
que estrangula o nosso ser

a dor que em mim mora
é a que vi em Bissau
é a que viveram na travessia para Dakar
é a que viveram na travessia para Cabo Verde
é a que vejo no corpo dos outros

Carlos Edmison Vieira

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Alma Metade



Vivo sozinho, tristonho!
Sem amor e sem paixão.
Vivo apenas de sonho.
Minha vida é uma ilusão.


Minha alma metade eu não encontro,
Eu não sei por qual motivo ou razão.
Tudo tem sido um triste desencontro,
Tudo tem sido uma enorme decepção.


Tanto eu tenho procurado, é verdade!
Mas realmente eu não sei o que aconteceu.
Ela simplesmente de mim se perdeu.


Mas cadê a minha alma metade?
Cadê? Loucamente te pergunto eu!
Ou ela nunca existiu, ou então ela já morreu.


Elciomoraes

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terça-feira, setembro 04, 2007

A utopia dos olhos escancarados


Se num momento de loucura
acaso arriscares acima do tédio
e afoito sozinho dobrares
a agreste solidão da esquina dos dias,
poderás então entrever
por entre as brumas do tempo
a imensa multidão e o verde prazer
das tuas mais urgentes utopias.

Se depois com ardor escreveres
- ridícula como o poeta a dizia -
uma simples carta de amor
cuja verdade ofereça fogosa o seu pudor
sinceros significados tão prementes
que a ouro fiquem bordados
no seio nu das palavras inexistentes,
imune farás tombar do muro os pecados
com que este presente impune
procura sarcástico esconder-nos o futuro.

Se porem impossível te for
a sangria das palavras a sério
e ao cansaço sem outra saída
com fúria não conseguires opor
a beleza dum punho bem apertado,
arrepia caminho e não ouses.
Nunca ouses monstro malfadado
dobrar a esquina deste tempo
de cobardias prenhe e silêncios cheio.

Porque só o amor mata a hipocrisia
e reconhece os homens iguais
porque para além deste dia
só de olhos escancarados se sonha a utopia.
Adriamo Alcantara

Solidão...


Sozinha no escuro encostada ao âmbito da noite vaga confundo a dolência com o silêncio do consórcio. É como pintar uma tela e esperar que o pincel se solte sozinho e voe até às tintas. Estarei sozinha?! Será esta a profunda solidão?!
A súplica da tua voz passa-me ao lado. Fico surda perante um gesto de mimo disfarçado. O teu acto individual pode ser feito a dois. Podes-me escutar. Pára o tempo e separa a tristeza do nosso Eu. Compreende o meu sentimento.

segunda-feira, maio 14, 2007

O que sou?! De onde vim?! E o que faço?!


Três perguntas à partida tão fáceis de responder…Mas ao fim e ao cabo quase que não consigo prenunciar algo sobre elas.

O que sou…Sou um feto vinda da barriga Mãe…Crescida numa bolsa de água acabada de arrebentar…É uma menina! – Dizem as médicas e as enfermeiras do parto…
Criança pequena a flutuar pelo mundo dos sonhos. Com o passar dos anos fiz-me adolescente da vida efémera. Procuro um destino, uma sustentação, um outro alguém que me dê a existência. Sou um redemoinho de pensamentos quebrados em pedaços espalhados pelo meu corpo. Sou um ser desesperado sem saber para onde ir.
Zombas de mim, oh ser improfícuo…Zomba…Zomba…Que eu gosto…Gosto do teu cheiro a jasmin…Do teu olhar sedutor…Da tua figura geometral rabiscada nos relâmpagos da noite. Não te vejo…Tu bem o sabes…Não te escondas…Corro atrás de uma sombra…Não te encontro…Não tens face…És um mero corpo vazio…Puro mistério da minha imaginação.

Estou a ficar louca desta procura corrompida com o desespero. Olho o céu à procura das estrelas, encontro a lua deitada num ninho com o sol…Vejo a minha imagem desfigurada…É o nascer do eclipse lunar…Encontrei-me! Sou Eu!


E tudo só p´ra dizer: Obrigada por me teres deixado renascer neste dia!


sábado, maio 05, 2007

Para ti Mãe!!



Um dia, o Amor estendeu as mãos
para o nada e abriu o espaço...

Um dia, o Amor estendeu as mãos
para o homem e abriu-se o encontro...

Um dia, o Amor se tornou
vida de tua vida e eu existi...

Mãe, o céu sem confins revela-me teu amor...
A vastidão do mar fala-me da tua bondade...
As altas montanhas refletem teu heroísmo...
A profundeza dos vales espelha tua humildade...
A beleza das flores traduz teu caminho...

Tudo isso encerras dentro de teu grande coração...
E silenciosa, serena, sorrindo,
continuas labutando no quotidiano da vida.

Um dia, o Amor se tornou
vida de tua vida e eu existi.

Obrigado, Mãe!


Autor desconhecido