quarta-feira, setembro 27, 2006

Ler ou não ler...



Ler ou não ler eis a questão! A leitura faz parte da vida de cada um. Mesmo muitos deixando de parte esta "lei" da sabedoria, ainda existem leitores que se dedicam a esta aprendizagem. Muitas pessoas compram livros só para dar uma imagem de boa aparência, no entanto, o livro esquecido entre as prateleiras do armário está cheio de pó, cansado de esperar que alguém se lembre de esfolhear as suas belas páginas cobertas de palavras fascinantes. É tão bom ler e sonhar ao mesmo tempo... Navegar pelo livro como um barco no meio do mar à procura do fim. Ressuscitamos perante um novo pensamento, uma nova palavra, uma nova imagem e quem sabe por um novo amor.

Moonspirit

sexta-feira, setembro 15, 2006

Adágio


Sentado na areia,
Olhavas, impávido,
o mar que te chamava.
Corri para ti,
com a ânsia de um carinho,
de um abraço.
São tão doces os teus beijos!...
Ajoelhei-me a teu lado.
Pousei a mão e os lábios
nos teus cabelos,
uma ternura de mansinho,
meiguice doce, junto ao mar.
Há poemas que se dizem sem falar.

Froggie

quarta-feira, setembro 13, 2006

Amigo


Pros meus amigos...e pros que virão em tempo de aulas:


Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca.
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo(recordam-se, vocês ai,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa.
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O`Neill

segunda-feira, setembro 11, 2006

Poema para a Negra


Deixa que os outros cantem o teu corpo
que dizem feiticeiro e sedutor,
e, na volúpia vã do pitoresco,
entoem madrigais à tua dor.

Deixa que os outros cantem teus requebros
nos passos de massemba e quilapanga,
e teus olhos onde há noites de luar,
e teus beiços que teem sabor de manga.

Deixa que os outros cantem os teus usos
como aspectos formais da tua graça,
nessa conquista facil do exotismo
que dizem descobrir na nossa raça.

Deixa que os outros cantem o teu corpo,
na captação atónita do viço
e fiquem sempre, toda a vida, a olhar
um muro de mistério e de feitiço...

Deixa que os outros cantem o teu corpo
- que eu canto do mais fundo do teu ser,
ó minha amada, eu canto a própria África,
que se fez carne e alma em ti, mulher!

Geraldo Bessa Victor (Angola)

quinta-feira, setembro 07, 2006

Falta di bo


Flan ki regra ki n’ka cumpri
Ou ki sinal di boi ki n’nega respêta
Na ki exami ki djan chumba
Kê pan pôdi acredita
Ma nós amor hoji dja finda

There’s been along time
That i didn’t see you
I see your picture
Mi n’ ta fica ta spérabu
I’m searching in my mind
What happen this day
N’ ta gostá d’ encontrabu
But you’re so far away

Falta di bo
Falta di bo na nha vida
Falta di bo
I’m sorry but i don’t know why
Ês distancia ki ta fazen mal
I’d like to call you but i’m too shy
Falta di bo

N’ka podia eskecebu
I really do miss you

E ami n’ta da ku mi
Ta lembra bu surizu

N’ta gosta di odjabu
Perto de mi baby
Ta kusta ki ceta
Ma hoji nu sta separadu

Falta di bo
I can’t get you out of my mind
Falta di bo
Falta di bo na nha vida
Bu falta sta fazen so desespêra
Vontadi di tenebu na nha bêra
Falta di bo

I should be your queen
The situations…
N’sabi kê só bo ki ta pôdi fazen feliz

Pensa ma n’tinha raiva
E raiva tcheu di bo
Ma n’ta da ku mi chintadu li
Ku bu foto na mó

We‘ve to try again
Nu tenta outra vez

Ka ten motivo to sta far so long
My baby
Volta pa mi

N’ krê volta pa bo, my baby

Falta di bo
I’m sorry but i don’t know why
Falta di bo
Ês distancia ki ta fazen mal
I’d like to call you but i’m too shy
Falta di bo

N’krêbu pa sempri…
I want you forever…

To Semedo

quarta-feira, setembro 06, 2006

Mininos de Rua

Venho por este meio deixar a conhecer um projecto no qual várias pessoas estão envolvidas de alma e coração, projecto este que está em fase de arranque e tem como nome "Mininos de Rua". Visa ajudar as crianças de Cabo Verde em geral e sobretudo os que vivem na rua, que são cerca de 400 crianças. A inauguração deste projecto está prevista para meados de Setembro, em Santa Maria – Sal, passando a ser conhecido como "Associação Sorrisos do Futuro".


As pessoas que estão à frente deste projecto são dois primos, o Carlos Batalhão (nickname - Poborsky) e Manuela Sá Carneiro (nickname - Nani). Eles começaram por falar sobre o projecto no Fórum Cabo Verde 24. Enviamos o link para que possam lá ir ler os diversos comentários das pessoas:

http://www.caboverde24.com/portugues/forum/topic.asp?TOPIC_ID=773

Para angariar fundos para o projecto, estamos a organizar diversas exposições de fotografia, uma com o tema "Mar" e outra "Sorrisos". Os valores resultantes da venda das fotografias reverterão para o projecto. A do Mar vai estar em Outubro no Casino de Espinho, seguindo depois para a Câmara Municipal de Peniche e outros locais ainda a definir. A dos Sorrisos arranca em Setembro no B'Leza, passando em Outubro pelo River Café - Porto, estando previstas mais exposições noutros locais, como Casino Estoril, Casino de Espinho, Casa da Morna em Lisboa e Itália (Bari, Milão e Roma).

Por curiosidade, os fotógrafos para já são: Nanã Sousa Dias (Fotógrafo Profissional), Miguel Mealha (Fotógrafo Profissional), Djo Martins (Fotógrafo Profissional - http://www.fotolog.com/djomartins/ ), Pedro Lacerda (Fotógrafo Profissional - http://www.pedrolacerda.com/ ), Manuela Sá Carneiro, Nuno de Sousa (nickname no fórum - Nalex) e Helena Paixão (nickname no fórum - Lenex), entre muitos outros que vão aderir a este projecto mas dos quais não podemos avançar para já com os nomes.

Junto aqui também um link para poderem ver e ler mais sobre este assunto:·
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Deixamos aqui também o site onde poderão ver algumas das muitas fotografias tiradas para a exposição "Sorrisos":

Nuno de Sousa - http://www.olhares.com/Nalex
Helena Paixão - http://www.olhares.com/Lenex
Manuela Sá Carneiro - http://www.olhares.com/Poborska

Este projecto dos Mininos de Rua tem tido já bastantes apoios como, por exemplo, o já mencionado Casino de Espinho (com a cedência do espaço de exposições), o River Café no Porto (idem), Casa da Morna em Lisboa, B´Leza em Lisboa, a Clínica da Murdeira, única clínica existente no Sal com a qual existe um acordo já firmado no sentido de dar assistência gratuita a estas crianças de rua, a AMI, etc.

O objectivo pelo qual lhes estamos a dar a conhecer este projecto, é o de pedir a vossa ajuda no passar a palavra, ou seja, dar a conhecer o nosso projecto. Neste momento, procuramos um estúdio/laboratório para a impressão das nossas fotografias a um bom preço ou, eventualmente, obter patrocínios para as nossas exposições e para a nossa futura Associação, não deixando de lado ideias para que este nosso projecto seja uma realidade em breve, também locais para podermos expor as nossas fotografias, sejam Câmaras Municipais ou outros desde que tenham boas condições e possam ser gratuitos. Já estão a ser organizados vários espectáculos com vários nomes conhecidos, estando a organização dos mesmos a cargo de Nanã Sousa Dias, Djo Martins e Rita Guerra, como forma de se poderem angariar fundos para a Associação. Como se costuma dizer, qualquer que seja a ajuda, é sempre bem vinda.

Os Mininos de Rua agradecem…

segunda-feira, setembro 04, 2006

Respiro o teu corpo


Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.

Eugénio de Andrade

sábado, setembro 02, 2006

Morre lentamente


Morre lentamente
Quem evita o discurso.
Quem foge das ideias
e contradições.
Quem faz da vida uma rotina.
Quem vira escravo de si próprio.
Quem não arrisca vestir uma nova cor.
Quem não fala com quem não conhece.

Morre lentamente
Quem faz da rádio o seu parceiro diário.
Quem prefere o “preto no branco”
a ter uma paixão indomável…

Morre lentamente
Quem não corre atrás de um sonho.
Quem foge dos conselhos sensatos.
Quem não acha graça de si mesmo.

Morre lentamente
Aquele que passa os dias a queixar-se,
Desistindo da sua própria vida…

Evitemos a morte…
Entra por aquela porta…e viverás!

Moonspirit

sexta-feira, setembro 01, 2006

Carrego as estações


Carrego as estações comigo
e tenho as mãos cansadas.
(No bolso esquerdo um riacho murmura.)
Ali, onde pequenas pedras se acumulam,
uma canção exala seu vapor,
depois se perde.

Jardins de primavera circulam no meu corpo,
um céu de ouro verte seu perfume
e um vento ignorado agita suas asas.
Pasto de segredos,
mescla de memória e desejo,
meu corpo caminha com a chuva
(carrego as estações comigo),
à procura do sonho de uma nuvem fria.

Tantas folhas trago nos braços
que um pássaro, solidário, se oferece
para carregar as estações comigo.
Do peito aberto os meus jardins se vão
e o pássaro me ajuda (memória
e desejo) a semear meu corpo.

Ali planto meus braços,
debaixo daquelas árvores meus olhos ficam,
os pés, roídos pela terra, penduro numa árvore
e o tronco multiplico em cem pedaços –
lá vai, junto com as pedras,
no bojo do riacho antigo.

E pois que carrego as estações comigo,
os lábios deixo além, no descampado,
e peço ao pássaro que pelos cabelos atire
o que sobrou de mim
àquele mar onde me espera a memória
(e o desejo) do tempo em que não soube
carregar as estações comigo.

Carlos Filipe Moisés